FARUFYNO VOL. 1

Por incrível que pareça, já tem caloteiro no bonde do samba-rock. Não dá para evitar a desconfiança com um grupo produzido por Rick Bonadio (o mesmo mentor dos Mamonas Assassinas) e Arnaldo Saccomani (de triste reputação como svengali de pagodeiros e sertanejos) e que investe no suingue - não por acaso, gênero bola da vez na mídia. Passada a má vontade inicial, dá para livrar a cara do Farufyno. O quinteto foi cuidadosamente produzido para passar aquele ar de sambarroqueiros autênticos - as fotos no encarte não enganam ninguém - mas ainda assim eles soam como caras gente-fina. Apesar da malandragem forçada.

O Farufyno não inventa muito em relação aos ícones do samba-rock. As lições de Jorge Ben Jor, Bebeto e outros tantos foram bem absorvidas pela rapaziada, que mistura (poucas) composições próprias com clássicos do gênero e algumas esquisitíces. Se não, como classificar a versão de Um Raio Laser, de Baby & Pepeu? Enfim, a coisa anda a contento nas faixas mais bem-humoradas, como Deixa o Meu Cabelo em Paz, Do Lado Direito da Rua Direita (esta do repertório dos Originais do Samba) e Se Ganho na Loteca. Quando as letras não ajudam muito, o suingue bem azeitado compensa (caso de Elroy Office Boy, por exemplo). Agora, nas horas em que a mão pesada do bregão Saccomani se faz sentir - como em Você Balança o Meu Coração - o resultado se aproxima perigosamente do pagode rasteiro e quase desanda.(Marco Antonio Barbosa)