Vitória e tragédia brasileiras em Los Angeles
MPB vibra com o prêmio de Maria Rita no Grammy Latino e lamenta a morte do produtor e músico Tom Capone
Marco Antonio Barbosa
02/09/2004
O Grammy Latino 2004 teve gosto de vitória e de tragédia para a música
brasileira. Depois de assistir a cantora Maria Rita ganhar o prêmio de
revelação do ano - com um disco que foi produzido por ele - o músico e
produtor Tom Capone morreu em Los Angeles ontem (dia 2), depois de sofrer
um acidente de moto. Aos 37 anos, o produtor concorreu a cinco prêmios no
Grammy Latino, que foi entregue na última quarta-feira (dia 1º).
Capone alugou uma motocicleta para passear por Los Angeles e acidentou-se na madrugada de quarta para quinta-feira. Sua moto, uma Harley-Davidson, colidiu com um automóvel dirigido por uma jovem de 23 anos, no bairro de Van Nuys. Capone era casado com a cantora e tecladista Constança Scofield e tinha um filho, Bento, nascido no mês passado. Luiz Antonio Ferreira Gonçalves, o popular Tom Capone, era diretor artístico da gravadora Warner no Brasil e trabalhou com nomes dos mais variados estilos: do pop do Skank e Kelly Key ao radicalismo hip hop do Pavilhão 9, passando pelo peso dos Raimundos e a MPB de Gilberto Gil e da própria Maria Rita. Além do disco de Maria Rita, o álbum Cosmotron, do Skank, também produzido por Capone, foi premiado no Grammy Latino (como Melhor Álbum de Rock Brasileiro).
A cerimônia do Grammy
Numa noite em que o espanhol Alejandro Sanz "lavou" na lista de premiações, o Grammy Latino finalmente deu uma colher de chá à MPB, tradicionalmente esquecida nas premiações principais em favor da música cantada em espanhol. Maria Rita foi a brasileira que brilhou na entrega do prêmio (ocorrida no dia 1º, no Shrine Auditorium, em Los Angeles, EUA), levando o Grammy de revelação do ano. A filha de Elis Regina também viu seu álbum de estréia, Maria Rita, ser eleito como Melhor Álbum de MPB, dentro das categorias exclusivas para artistas brasileiros.
Em 2004, Maria Rita concorria também às categorias Gravação do Ano (a mais importante de toda a premiação), com a canção A Festa e Álbum do Ano; o Skank, com a música Dois Rios, também estava no páreo do Grammy de Gravação do Ano. Os dois prêmios sobraram para Sanz, que terminou com cinco Grammys Latinos. Além do prêmio para a filha de Elis, o disco Jobim Sinfônico, produzido por Mario Adnet, dividiu o prêmio de Melhor Álbum de Música Clássica com Carmen Symphony (Orquestra Sinfonica de Barcelona).
De resto, não sobrou nada para os brasileiros nas categorias principais. Tom Capone, que concorria como produtor do ano, perdeu para o espanhol Javier Limón. Xuxa, que já havia ganho em edições anteriores no quesito Álbum Infantil, perdeu para o grupo Niños Adorando. Jovino Santos Neto, que tinha seu disco Canto do Rio no páreo de Melhor Álbum de Jazz, viu o cubano Chucho Valdez levar o troféu. Brasileirinho (Maria Bethânia), que disputava o Grammy de Melhor Engenharia de Som, perdeu para Alejandro Sanz, mais uma vez. E até mesmo na categoria Instrumental - na qual Armandinho, Paulo Moura e Ricardo Silveira disputavam o prêmio - o Brasil ganhou mas não levou: o vencedor foi o celista Yo-Yo Ma, com o álbum Obrigado Brazil Live in Concert. Detalhe: o repertório do CD é todo de clássicos da MPB.
Numa cerimônia explicitamente feita para celebrar o mercado musical hispânico nos EUA - este ano não houve sequer apresentação ao vivo de artistas brasileiros - sobraram as categorias exclusivas para a língua portuguesa. Um consolo e também a constatação de que será difícil quebrar a hegemonia dos "hermanos" que cantam em espanhol no Grammy Latino. Segue a lista:
Melhor Álbum de Música Cristã (Língua Portuguesa): Fruto de Amor - Aline Barros
Melhor Álbum Pop Contemporâneo Brasileiro: Carlinhos Brown es Carlito Marrón - Carlinhos Brown
Melhor Álbum de Rock Brasileiro: Cosmotron - Skank
Melhor Álbum de Samba/Pagode: Para Caymmi. De Nana, Dori e Danilo - Nana, Dori e Danilo Caymmi
Melhor Álbum de Música Popular Brasileira: Maria Rita - Maria Rita
Melhor Álbum de Música Romântica: Zezé Di Camargo & Luciano - Zezé Di Camargo & Luciano
Melhor Álbum de Música Regional ou de Raízes Brasileiras: No Século XXI, no Pátio do Forró - Banda De Pífanos De Caruaru
Melhor Canção Brasileira (Língua Portuguesa): A Festa - Milton Nascimento, compositor (Maria Rita)
Capone alugou uma motocicleta para passear por Los Angeles e acidentou-se na madrugada de quarta para quinta-feira. Sua moto, uma Harley-Davidson, colidiu com um automóvel dirigido por uma jovem de 23 anos, no bairro de Van Nuys. Capone era casado com a cantora e tecladista Constança Scofield e tinha um filho, Bento, nascido no mês passado. Luiz Antonio Ferreira Gonçalves, o popular Tom Capone, era diretor artístico da gravadora Warner no Brasil e trabalhou com nomes dos mais variados estilos: do pop do Skank e Kelly Key ao radicalismo hip hop do Pavilhão 9, passando pelo peso dos Raimundos e a MPB de Gilberto Gil e da própria Maria Rita. Além do disco de Maria Rita, o álbum Cosmotron, do Skank, também produzido por Capone, foi premiado no Grammy Latino (como Melhor Álbum de Rock Brasileiro).
A cerimônia do Grammy
Numa noite em que o espanhol Alejandro Sanz "lavou" na lista de premiações, o Grammy Latino finalmente deu uma colher de chá à MPB, tradicionalmente esquecida nas premiações principais em favor da música cantada em espanhol. Maria Rita foi a brasileira que brilhou na entrega do prêmio (ocorrida no dia 1º, no Shrine Auditorium, em Los Angeles, EUA), levando o Grammy de revelação do ano. A filha de Elis Regina também viu seu álbum de estréia, Maria Rita, ser eleito como Melhor Álbum de MPB, dentro das categorias exclusivas para artistas brasileiros.
Em 2004, Maria Rita concorria também às categorias Gravação do Ano (a mais importante de toda a premiação), com a canção A Festa e Álbum do Ano; o Skank, com a música Dois Rios, também estava no páreo do Grammy de Gravação do Ano. Os dois prêmios sobraram para Sanz, que terminou com cinco Grammys Latinos. Além do prêmio para a filha de Elis, o disco Jobim Sinfônico, produzido por Mario Adnet, dividiu o prêmio de Melhor Álbum de Música Clássica com Carmen Symphony (Orquestra Sinfonica de Barcelona).
De resto, não sobrou nada para os brasileiros nas categorias principais. Tom Capone, que concorria como produtor do ano, perdeu para o espanhol Javier Limón. Xuxa, que já havia ganho em edições anteriores no quesito Álbum Infantil, perdeu para o grupo Niños Adorando. Jovino Santos Neto, que tinha seu disco Canto do Rio no páreo de Melhor Álbum de Jazz, viu o cubano Chucho Valdez levar o troféu. Brasileirinho (Maria Bethânia), que disputava o Grammy de Melhor Engenharia de Som, perdeu para Alejandro Sanz, mais uma vez. E até mesmo na categoria Instrumental - na qual Armandinho, Paulo Moura e Ricardo Silveira disputavam o prêmio - o Brasil ganhou mas não levou: o vencedor foi o celista Yo-Yo Ma, com o álbum Obrigado Brazil Live in Concert. Detalhe: o repertório do CD é todo de clássicos da MPB.
Numa cerimônia explicitamente feita para celebrar o mercado musical hispânico nos EUA - este ano não houve sequer apresentação ao vivo de artistas brasileiros - sobraram as categorias exclusivas para a língua portuguesa. Um consolo e também a constatação de que será difícil quebrar a hegemonia dos "hermanos" que cantam em espanhol no Grammy Latino. Segue a lista:
Melhor Álbum de Música Cristã (Língua Portuguesa): Fruto de Amor - Aline Barros
Melhor Álbum Pop Contemporâneo Brasileiro: Carlinhos Brown es Carlito Marrón - Carlinhos Brown
Melhor Álbum de Rock Brasileiro: Cosmotron - Skank
Melhor Álbum de Samba/Pagode: Para Caymmi. De Nana, Dori e Danilo - Nana, Dori e Danilo Caymmi
Melhor Álbum de Música Popular Brasileira: Maria Rita - Maria Rita
Melhor Álbum de Música Romântica: Zezé Di Camargo & Luciano - Zezé Di Camargo & Luciano
Melhor Álbum de Música Regional ou de Raízes Brasileiras: No Século XXI, no Pátio do Forró - Banda De Pífanos De Caruaru
Melhor Canção Brasileira (Língua Portuguesa): A Festa - Milton Nascimento, compositor (Maria Rita)