O LADO B DO HIP HOP

O SP Funk chega a seu primeiro álbum depois de nove anos de carreira, sob a benção da veneranda dupla Thaíde & DJ Hum. Já é credencial suficiente para que desavisado algum os confunda (por causa do nome) com uma versão paulistana do Bonde do Tigrão. Em O Lado B do Hip Hop, os rappers Maionese, Tio Fresh e Bomba, mais o DJ Q.A.P. vão na onda do rap bate-cabeça, influenciado basicamente pelo grupo americano Wu-Tang-Clan (popularíssimo em São Paulo). Por essa influência leia-se: vocais cuspidos em alta velocidade, com os MCs não raro atropelando uns aos outros, e bases econômicas, batidões graves e secos guiando os versos. Depreende-se deste disco de estréia que o SP Funk conta com uma trinca de rappers excepcionais, malandros na rima e na inflexão vocal, mas que o trabalho de suporte musical nem sempre fica ao nível da criatividade dos vocalistas.

Uma ou outra faixa chama a atenção por seus méritos estritamente musicais. Caso de Na Vida, que incorpora uma batida mais pop e uma boa dose de melodia nos vocais; ou na interessante levada mais funky de Queda. De resto, falta um pouco mais de esperteza nos grooves do grupo - tanto que Fúria de Titãs, que não por acaso conta com bases e produção do próprio DJ Hum, saiu bem mais caprichada. Quem curte o fundamental do hip hop - as rimas e os vocais - não tem porque ficar desapontado, no entanto. Maionese, Tio Fresh e Bomba estão seguramente entre os melhores rappers brasileiros. Basta conferir a letra de Viaje - espertíssima, cheia de citações a slogans publicitários e brincadeiras com outros artistas - o ou o desafio entre os rimadores de Cuidado para comprovar isso.(Marco Antonio Barbosa)