MOVIMENTO

Banda Black Rio (2001)

2001
Regata
Crítica

Cotação:

Difícil recuperar a fusão única armada pela Banda Black Rio original, que fundiu como ninguém as negritudes carioca e norte-americana. William Magalhães, filho do fundador do grupo, Oberdan Magalhães, garante que fez o possível para tanto. E não foi pouco. O caráter visionário, surpreendente, da banda que nos anos 70 mesclava samba com soul e funk - e que chegou a ser pichada por puristas de ambas as vertentes - se perdeu na história, amansado pelo tempo e pela batelada de seguidores/diluidores. Ficou o suingue, esse sim incontestável. A nova Black Rio pode não ter o "valor" da primeira, mas põe a massa para balançar da mesma forma. E ainda garante o referencial histórico ao resgatar Cassiano, mestre do soul brasileiro, figura presente ao longo de todo o álbum (e que promete lançar o seu próprio em 2002). Movimento mostra uma banda tímida em relação à ousadia da BBR original. Parece mais preocupada em fazer um bom e coerente disco de soul-funk legitimamente brasileiro do que em revolucionar e/ou entrar para a História. Dito isso, funciona e muito bem.

O som é rico, cheio, encorpado - com metais, sintetizadores e arranjos vocais todos muito bem utilizados, sem gorduras inúteis. A ênfase maior nos vocais, que não existia na BBR original, é que dá um caráter mais pop e menos experimental ao disco. A bordo deste suingue otimizado, a Black Rio consegue ótimos resultados nas faixas dançantes (Nova Guanabara, Mistérios da Raça, Magia do Prazer - esta talvez seja a melhor fusão black samba do disco) e também nas mais dolentes (Carrossel, Sexta-feira Carioca). A presença de Cassiano tem força incontestável nas faixas feitas (Tomorrow, que incorpora sonoridades latinas) ou co-assinadas por ele (Aquarius, cantada pelo próprio). O grupo reata a ponta da tradição instrumental com a balançada Candeia (que, surpreeendentemente, não tem muito de samba), que fecha o disco.(Nenhum)
 
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